segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Paisagens e...pintores.


Uso regularmente esta “paisagem com aves”, pintura de Roeland Savery, pintor flamengo do século XVII.
É uma paisagem impossível dada a promiscuidade de aves, de tempos e espaços diferentes, algumas como o “dodo” da minha grande simpatia já extintos, e com uma estória que a essa extinção conduziu, nomeadamente pela introdução de ratos pelos navegadores que lhes comiam os ovos, além de esta variante, mais rija, de peru ter confortado estômagos sequiosos de vianda.
A paisagem é impossível e eu coleccionador das mesmas tenho CV para o afirmar.
E misturar o que não se deve também dá uma grande caldeirada.
Mas cabe ao leitor discernir na floresta as árvores de sombra, das de fruto, das cujas funções são de consolidação da paisagem. E também perceber quais as que são daninhas no, nesse, espaço e quais as que são desadequadas à sustentabilidade social, e essa tem que ser também economia e ambiente.
Vemos muitas vezes afirmações com que concordamos de adversários políticos, mas devemos fazer como Ulysses a bordo da nau de entorpecidos pelo falso canto das ninfas e analisá-las retirando-lhes a casca, e procurando a coerência de pensamento e de passado nos pontos com que concordamos.
Ficaremos com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.
Vale mais o risco e a dúvida que seguir vozes ao vento, sobretudo quando já sabemos do medonho eco.
Que não nos assusta que estamos com leme firme e sabemos que “Navegar é Preciso”.
António Eloy

Sem comentários:

Enviar um comentário