sábado, 17 de outubro de 2009

Coerência e lealdade


Fui ontem entregar a todos os partidos representados na Assembleia da República uma carta em que lhes pedia, ao abrigo da competência de fiscalização dos actos do Governo (art.º 162 da Constituição), que tomassem a iniciativa de revogar o Decreto-lei 188/2008, através do qual o Governo entregou à Liscont, sem concurso, a concessão por mais 27 anos do terminal de contentores de Alcântara. Sempre considerei esse diploma iníquo. Assinei há um ano a petição para o revogar e afirmei que devíamos levar a batalha até ao fim. É o que estou a fazer.
Mas uma coisa é pedir a revogação da prorrogação de um contrato feita sem concurso, outra é saber se Lisboa deve continuar a ser uma cidade portuária e qual o papel do terminal de Alcântara nesse processo. Para mim é uma evidência histórica e geográfica que Lisboa não deve abandonar o seu porto. O que é preciso, como repeti na última campanha eleitoral, é reconciliar a cidade com o seu rio e os lisboetas com o porto.
As conversações que António Costa tem mantido com todas as entidades intervenientes na zona (porto, operadoras de transporte e ferroviárias, LNEC, etc.) constituirão certamente uma excelente base de trabalho para se encontrar, para aquela zona, a melhor solução. Que não envolve apenas o terminal, mas também o nó ferroviário, as acessibilidades, o funcionamento hidro-geológico do vale de Alcântara e a animação ribeirinha na zona das docas. As questões a resolver são conflituais e tecnicamente complexas, daí a importância do talento negocial de António Costa neste processo, de modo a que a CML estabeleça com rigor os limites do que pode e deve ser feito, do ponto de vista dos interesses da cidade e da frente ribeirinha.
Mas isto não invalida que se critique a decisão inicial de prorrogar uma concessão sem concurso. Por isso não tive dúvidas em tomar a iniciativa que tomei, da qual dei naturalmente conhecimento prévio a António Costa.
É esta a maneira de fazer política em que acredito. Com lealdade mas sem abdicação. Sabendo ouvir e fazendo acordos sempre que necessário, mas sem nunca prescindir dos princípios que dão sentido ao nosso combate – entre os quais, sem hesitação, a defesa da transparência em todos os negócios que tenham o Estado como parceiro.

Helena Roseta

6 comentários:

  1. E é por esta transparência pessoal e de processos, por esta forma de fazer as coisas, por esta coerência nas atitudes que estou consigo. Esta é a atitude certa, mesmo depois da festa que se fez em conjunto. A democracia fica mais rica com este tipo de contribuições. Parabéns por isso.

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  2. Fiquei positivamente surpreso com esta iniciativa.

    Confesso que tinha algumas dúvidas da independência dos CPL após terem feito uma coligação com o PS para Lisboa.

    Esta é a prova da coerência da arq. Helena Roseta naquilo que defende com afinco, independentemente de agradar, ou não, a parceiros de coligação.

    Não votei em si no dia 11 de Outubro, mas se fosse no próximo Domingo votaria.

    Parabéns e siga sempre a linha de rumo da coerência na defesa dos interesses de Lisboa. Todos os políticos fossem assim!

    Bem haja.

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  3. FAÇAM O FAVOR DE SE ENTENDEREM, NÓS MERECEMOS QUE O FAÇAM

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  4. Os "Cidadãos por Lisboa" são um movimento aberto onde a coerência e fidelidade, aos princípios de transparência, e principalmente, a uma visão sustentável da cidade capital do País são inquestionáveis; Por isso merecem o respeito de todos os portugueses e lisboetas em particular; como tal, não merecem que as suas acções sejam entendidas como um espaço proveitoso de arremesso e afronta politica ao PS. Vejamos-lo como um movimento participativo com uma visão Pró-Lisboa e menos como um movimento anti-qualquer partido. Haja Bom Senso, Lisboa merece...

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  5. não brinquem mais com o nosso dinheiro! não gozem mais com os pobres ! não utilizem o país em prol dos partidos. CHEGA ! Sejam coerentes !O país precisa !!!!!

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  6. Sr. Monhé Tó Costa...preguiçoso é a PUTA DA SUA MÃE!
    Vai comer essas palavras de MERDA...daqui a 4 anos quando for corrido do poleiro nós vamos rir!

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